Patrono.

João Carlos Villagran Cabrita

João Carlos Villagran Cabrita nasceu em Montevidéu, onde seu pai oficial brasileiro estava a serviço, no dia 30 de dezembro de 1820. Vinte e dois anos mais tarde, foi declarado alferes−aluno.

O 1º Batalhão de Engenheiros, em junho de 1865 tendo Villagran como fiscal administrativo , partiu de seu quartel na Praia Vermelha (RJ) para o teatro de operações da Guerra da Tríplice Aliança, vindo a empenhar−se em sérios embates no final daquele ano. Em 1866, o major Villagran Cabrita assumiu o comando do batalhão em decorrência do afastamento do comandante efetivo que fora comandar uma brigada auxiliar de Artilharia. O Exército Imperial brasileiro marchava, célere, contra o inimigo, quando defrontou−se com o caudaloso rio Paraná. Àquela altura, o ritmo da campanha impunha uma complexa transposição de curso de água, e o Passo da Pátria foi a área de travessia selecionada. Na margem paraguaia, o Forte de Itapiru pairava imponente e, do lado argentino, a imensa planície da Província de Corrientes proporcionava excelentes posições de artilharia. Quase no meio do rio, na frente do Itapiru, existia uma ilha na verdade um banco de areia coberta por vasto capinzal. Essa ilha, mais tarde denominada ilha da Redenção ou do Cabrita, iria transformar−se em cenário de sangrentos combates e altar de glórias.

Villagran Cabrita desembarcou naquele local, na madrugada de seis de abril de 1866, com seu batalhão de 900 homens, quatro canhões La hitte e quatro morteiros, indo juntar−se ao 7º Batalhão de Voluntários da Pátria, ao 14º Provisório de Infantaria e aos voluntários das províncias do Norte. Os couraçados Bahia e Tamandaré e duas canhoneiras realizavam os fogos de proteção.

Os soldados de Villagran trabalharam incessantemente, preparando a defesa dessa base insular, pois era previsível que o inimigo tentaria recuperá−la em curto espaço de tempo. O esforço não foi em vão. Às quatro horas do dia dez de abril, mais de onze mil adversários, protegidos pela densa escuridão da madrugada, contra−atacaram as posições brasileiras que tinham à sua frente a figura vigilante e intrépida de Cabrita.

A impecável atuação da Esquadra brasileira e o destemor dos soldados de terra negaram ao inimigo a retirada que este tentou empreender. A refrega foi renhida. Mais de 600 corpos do inimigo pontilharam o arenoso solo da ilha e outros tantos foram arrastados pelo rio tinto de sangue.
Amanhecia o dia dez de abril de 1866, quando, finalmente, as vibrantes notas dos clarins do batalhão encheram os céus com o toque da vitória. O lamentável, no entanto, estaria por acontecer. Villagran, enquanto redigia a parte de combate a bordo de um lanchão, foi atingido por uma bala de canhão 68 que ceifou−lhe a vida, interrompendo−lhe a brilhante carreira.

Justas homenagens foram prestadas à memória do bravo combatente, destacando−se a concessão da insígnia de Cavaleiro da Ordem de Cristo pelo Governo Imperial. Entre outras, uma unidade do Exército, o Batalhão Escola de Engenharia, sediado em Santa Cruz (RJ), recebeu o glorioso nome de Villagran Cabrita e a honra de manter acesa a chama do heróico Batalhão de Engenheiros.

É por demais justa a escolha dessa figura imortal para o patronato da Arma de Engenharia, cujo símbolo − o castelo lendário − perpetua o trabalho dos seus integrantes e abriga, como um templo, as tradições e os feitos do seu ilustre Patrono.

Patrono da Arma de Engenharia